sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O passe livre!

Vamos falar de transporte público?
Jornal de Londrina (05/03/2013)
Sempre que pensamos em transporte público, uma imagem como a que coloquei acima vem à mente. Porque? Simplesmente porque essa é a realidade em nosso país. Porém, outros problemas rodeiam esse tema, e fazem com que esse assunto se torne ainda mais complexo.

Lucros

Se observarmos a notícia de 19/08/2013 no O Globo podemos perceber que as empresas de ônibus têm sim lucro, e um lucro relativamente alto. Já vi muitas vezes pessoas dizendo coisas do tipo: "você queria então que a empresa não tivesse lucro?", "você trabalha pra que? Não é pra ganhar dinheiro?". Bom, a resposta à isso é bem simples, se eu ganhasse 340 mil, ou 10 milhões por ano, esse tipo de pergunta faria sentido, mas com certeza não é nem o meu caso, nem o caso de pessoas que fazem esse tipo de pergunta, portanto não use esse tipo de retórica para rebater minha colocação.
Nenê Constantino(Dono da TCGL)

O fato é que a pessoa que coloca todo esse bolo de dinheiro nos bolsos é um cara tipo esse aqui na figura ao lado, uma única pessoa colocando o dinheiro dos pobres cidadãos nos bolsos para muito provavelmente comprar charutos cubanos e whiskies importados.

Quem banca isso?

O problema não está em comprar charutos, em ser rico, ou em ganhar dinheiro... não apenas. O problema é que o usuário do transporte público, o trabalhador, o desempregado, o estudante, o cidadão humilde que ganha um salário mínimo de fome, é obrigado a bancar o lucro daquele bigodudo ali.
Daí você vem me dizer que em Londrina "a empresa contratante é obrigada a pagar parte do valor do transporte do funcionário". Certo, o trabalhador paga um valor equivalente a 6% do seu salário, hoje o salário mínimo é R$ 724,00 e isso significa que aproximadamente R$ 43,00 fica para pagar o transporte do trabalhador. É realmente pouco, se compararmos com o valor total dessas passagens. Mas o trabalhador não tem direito ao lazer? Ele não ganha o passe para os finais de semana, nem mesmo para um passeio extra durante a semana em seu horário de descanso, isso ele tem que tirar do próprio bolso.
Ainda nessa questão temos os trabalhadores informais, temos os que estão procurando trabalho (desempregados) e os estudantes, que pagam meia passagem, mas que tem número limitado por mês e não funciona nos finais de semana. Dessa forma chegamos ao ponto inicial, quem banca esse milionário é a população! (sem falar na exploração dos trabalhadores das empresas de ônibus)
A grande questão não está em desfrutar de uma riqueza qualquer, o problema é em como se consegue tal riqueza. Dentro desse sistema não há riqueza sem que alguém necessariamente seja explorado. Nos limitando a discutir o caso do transporte coletivo, podemos ter certeza que se trata de um caso de exploração da necessidade alheia.

Com fraude ou sem fraude?

Como informa o Bonde na data de 08/10/2009, nos anos de 2006 e 2007 a mesma empresa que ainda opera em Londrina foi acusada de fraude na venda de ônibus.
Quando verificamos as planilhas que a CMTU apresenta para justificar o aumento da tarifa (o aumento executado esse ano de 2014) não consta venda de ônibus por preço algum, mas a compra de outros. Seria um aumento na frota ou a sequência de um sistema fraudulento que cobra do usuário a compra de novos ônibus mas que absorve para si os velhos ônibus e os valeres que são pagos em sua revenda?
Acho mais provável a segunda opção, mas para não ser leviano eu apenas pergunto ao usuário do transporte coletivo, você sentiu algum aumento no número de ônibus rodando?
Acho que isso fica a cargo do leitor parar pra pensar e/ou investigar.

Conclusão
Símbolo de luta meramente ilustrativa.

Pensando então de maneira bem simples e clara, o que acontece no transporte coletivo de Londrina (e da maior parte do Brasil) é que empresas ganham milhões de reais em cima de pessoas que não podem pagar pelo transporte, e ainda criam mecanismos fraudulentos de lucrarem ainda mais.
Nós nos revoltamos quando um político rouba nosso dinheiro, e quando uma empresa o faz, defendemos o "direito" dela de "ter (muito) lucro" ou nos indignamos e exigimos que isso acabe?

Apresentação

Olá, amigas e amigos!

Hoje inauguro um novo blog: le Révolutionnaire!
Escolhi esse nome porque ele remete à uma antiga ideia de coisa nova, traz consigo uma forte contradição e força. É um conceito aberto cujo significado é debatido até hoje. E o francês é realmente um idioma fantástico...

Nesse blog, pretendo debater de maneira séria, com uma pitada de arte e sarcasmo, os temas, problemas, polêmicas e contradições políticas presentes no Brasil e no Paraná, mas principalmente em Londrina.

Para você que está acessando pela primeira vez o blog, já aviso que esse é um território que politicamente tende à esquerda, com pitadas de comunismo e anarquismo. Logo, se você se localiza à direita nessa história, terei coisas a dizer que talvez não agrade, mas entre e leia, comente e opine!
Independente de sua orientação política seus comentários ofensivos serão retirados, o sarcasmo é liberado, mas dou preferência à um debate adulto e civilizado, qualquer tentativa de abaixar o nível de qualquer debate será igualmente vetado.

Esse espaço é para compartilhar pensamentos, informações, e além de tudo, trocarmos informações, por isso os comentários seguem sem moderação se seguidas as regras expostas acima.

Seja bem vindo e bem vinda!
Divirta-se...